Independente do que diz o Censo, que colocou a Umbanda num
patamar irrisório em relação aos números das ouras religiões, nós umbandistas
sabemos que a realidade é outra. O numero de pessoas que freqüentam nossos
terreiros, seja como médiuns ou assistência tem aumentado gradativamente, e o
numero de terreiro que estão surgindo também, e esta a uma questão que pode ser
interpretada de duas formas, uma positiva que demonstraria a expansão da
religião.
Mas temos o outro lado da moeda, esta profusão de terreiro
se deve em grande parte aos “cruzamentos” de pais de santo que estão sendo
feitos sem nenhum critério, ao gosto do “freguês”.
Lembro quando a
Umbanda era criteriosa e exigente, onde antes de ser pai ou mãe de santo, o
médium era instigado a vivenciar e aprender.
Hoje a Umbanda esta sendo tratada com muita superficialidade,
cruzamentos sendo feitos à “atacado”, já
ouvi de varias pessoas a justificativa de que tem de ser pai de santo, pois
suas entidades são de comando, ora qualquer entidade pode ser de comando,
quando um médium assume a direção de um trabalho, não é o nome da entidade que
habilita ela para comandar um terreiro.
O que se nota é que a vaidade esta falando mais alto,
vaidade de médiuns que querem por que querem ser cruzados, para inflar seu ego,
sem ao menos tentarem entender a responsabilidade de se ter uma casa aberta.
Vaidade de pais de santo que cruzam médiuns sem critério
nenhum, apenas para dizer que cruzaram, que tem filhos de santo com casa aberta, e o
que me assusta mais ainda, é que alguns, pra não dizer a maioria, acredita ou
quer acreditar que sua responsabilidade acaba após este cruzamento, que a
partir daí os atos cometidos por aquele médium não trarão conseqüências para
ele.
Este sintoma que se observa hoje na Umbanda traz uma
conseqüência grave, estamos vendo cada vez mais nos terreiros médiuns sem
preparo, sem doutrina, achando que seu papel dentro da religião é apenas vestir
uma roupa branca, incorporar uma entidade e pronto.
Não são alertados para a responsabilidade que é ser médium,
dos cuidados, das cobranças.
Vemos pais de santo não repassando fundamentos e
ensinamentos, por não querer dividir conhecimento, ou o que é pior, por não
terem este conhecimento e não terem a humildade de procurar estes saberes, e ai
vão se formando uma legião que poderíamos chamar de “médiuns superficiais”.