Os Umbandistas devem ou não se envolver na política ???

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Neste momento em que estamos prestes a decidir o futuro político de nossa nação, tenho me feito esta pergunta.

Vejo alguns ditos Umbandistas fazendo campanhas “em defesa da Umbanda”, contra os evangélicos, se dizendo defensores de nossa fé, etc.

Tenho uma posição clara quanto a isto:

Todas as categorias e todos os segmentos da sociedade deveriam ter representantes na política, mas não apenas para defenderem seus interesses, lutarem contra os outros grupos que pensam diferente, estes políticos devem sim estarem envolvidos numa busca constante na melhoria do bem comum.

Um candidato Umbandista não deveria se preocupar em lutar contra os “benefícios dos evangélicos”, deveria preocupar-se sim com benefícios que possa trazer aos umbandistas e também a comunidade em geral.

Deveria por exemplo combater a cobrança absurda e inconstitucional de taxas para se fazer um trabalho em homenagem a Iemanjá que algumas cidades e federações fazem, isto só para dar um exemplo.

Aqui no Paraná foi proibido pelo IBAMA, trabalhos nas matas e cachoeiras, claro que por culpa dos próprios “umbandistas” que a única coisa que faziam nestes locais era sujeira, mas ai um representante de nossa religião, poderia investir numa parceria com o órgão, determinar um local especifico para isto, com fiscalização e um constante trabalho de educação ambiental.

Quando resolvemos fazer um evento para comemorar os 100 anos da Umbanda aqui em Curitiba, tivemos de pedir “favores” a alguns políticos, que nos atenderam por uma questão de amizade, uma vez que segundo ouvimos umbanda não da voto. È um segmento desunido.

De certa forma eles tem razão, pois quando temos candidatos que dizem representar nossa comunidade, estes não tem um projeto voltado para a religião e nem para a sociedade, a única bandeira que tenho visto e a tal “Luta contra a Intolerância”, e como eu disse não apoio, pois não quero ser tolerado, quero ser respeitado.

Adoraria votar num candidato Umbandista, mas não votaria em alguém apenas por ele ser Umbandista.

Estas eleições estão ai, batendo a nossa porta, pensemos bem no que fazer, mas pensemos bem nas eleições em 2012, que tal começarmos a pensar em candidatos Umbandistas em nossas cidades como vereadores? Para que eleitos, possamos cobrar deles coisas como legalização dos terreiros, ações sociais, exigir deles leis que venham a ajudar na busca do bem comum, e principalmente que dêem o exemplo de não serem representantes apenas da Umbanda, mas sim que representem o povo.

“UMBANDA NA RUA”

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Neste primeiro centenário da “Apresentação oficial” da Umbanda ao plano material, constatamos que infelizmente nossa religião continua a margem da sociedade, não por ser uma religião marginal, mas sim por que os próprios umbandistas a negam. Assim como Pedro negou Jesus por três vezes , os umbandistas também negam sua religião em varias oportunidades, quase todos os dias. Não nos cabe julgar os que tomam esta atitude, mas sim tentar entender por que eles o fazem.

Será que isto não ocorre por causa da falta de esclarecimentos sobre sua religião que deveriam ser passados pelos dirigentes a estes irmãos, deixando-os assim sem argumentos para manter uma discussão quando questionados sobre sua religião?

Será que não é por causa da vergonha que estes irmãos sentem em relação ao que é mostrado na mídia sobre a Umbanda, que é demonizada dia após dia?

Será que não é por falta de união e respeito entre os próprios umbandistas, que muitas vezes não se colocam como irmãos de fé mas sim como “concorrentes comerciais”?

Seja qual for o motivo, a realidade é uma só: Somos todos culpados por isto.

Somos nós “Umbandistas” que não ensinamos aos mais novos, e não explicamos para nossa assistência o significados de determinados atos realizados durante os trabalhos, pois estas coisas são “segredos de umbanda”

Somos nós “Umbandistas” que sujamos esquinas, matas, rios, praias, etc. com restos de oferendas e coisas que não tem o menor fundamento como: garrafas, pratos, alguidares, vidros, ponteiras, restos de animais, etc.

Somos nós “Umbandistas” que colocamos anúncios em jornais prometendo “milagres” mediante algum tipo de pagamento.

Somos nós “Umbandistas” que não nos preocupamos com o que vamos fazer em nossas casas, se é para o bem ou para o mal, jogando toda a responsabilidade sobre as “entidades”.

Somos nós “Umbandistas” que sempre que se fala em união logo torcemos o nariz, e antes mesmo de ouvir as idéias já as classificamos como absurdas.

Sei que muitos vão se identificar com as situações descritas acima, alguns vão aceita-las e outros vão critica-las, mas este é meu pensamento.

Por que não tomamos a iniciativa de criar ações e eventos que mostrem para a sociedade o que é a verdadeira UMBANDA, e quem são os verdadeiros UMBANDISTAS?

Por que não colocamos nosso “branco” e mostramos a nossa cara?

Por que não vamos para a rua como UMBANDISTAS que somos?

Esta aberta à temporada de reflexão...

Por que a simplicidade não satisfaz???

Filed under: by: Marco Boeing

Depois de alguns anos militando na umbanda, comecei a desenvolver um senso critico no diz respeito a minha religião.


Passei a observar as mudanças, as evoluções, os retrocessos, o comportamento, enfim tudo que se refere ao dia a dia da Umbanda.

Uma coisa tem me incomodado muito; a falta de simplicidade que tenho observado nos terreiros. Quando iniciei na Umbanda, pés no chão, uma roupa branca, algumas velas brancas no altar e pronto, o terreiro estava pronto para funcionar, as entidades sempre presentes, os consulentes atendidos, os médiuns felizes por estar ali, enfim uma atmosfera propicia para pratica do bem.

Não existiam cursos como, por exemplo, formação de “sacerdotes” em dois anos, nosso aprendizado era dentro do terreiro, ouvindo o dirigente, as entidades, os mais experientes.

Muitos vão dizer que a evolução é importante e faz parte da vida, concordo, mas penso que deva ser uma evolução inteligente, coerente.

Infelizmente tenho visto muitos que inventam rituais, fundamentos praticas, muitas beirando o absurdo, outros vão buscar em outras religiões, praticas que nada tem haver com a Umbanda, em nome de uma pretensa evolução.

Vejo a subserviência, a idolatria à pessoa do “pai de santo” muito grande, vejo que em muitos casos a espiritualidade fica em segundo plano, hoje Orixá viro sobrenome e até propriedade pessoal, terreiros viraram desfile de moda ou concurso de fantasias.

Aprendi que quando se vai a outro terreiro devemos saber entrar e sair, minha Mão de Santo, nos ensinou que quando visitamos outra casa, salvo se somos convidados pelo chefe do terreiro, somos assistência, e nosso lugar é “na fila do passe” como ela dizia. O que ocorre hoje é bem diferente, “pais de santo” que se acham no direito de exigir que se dobrem atabaques para ele, que se prestem reverencias, e muitas vezes ainda saem reparando, criticando ou caçoando do trabalho, e por que tudo isto? Justamente pelo fato de que a espiritualidade para eles é apenas um detalhe.

Não sei onde isto vai acabar, espero que acabe antes que a Umbanda acabe...

Amigos longe de mim querer generalizar ou ser o dono da verdade, como disse no inicio, sou apenas um observador do comportamento umbandista.

Ainda bem que temos terreiro que ainda mantêm a essência da umbanda, onde a palavra de um Preto Velho ou de um Caboclo e ouvida e seguida. Onde o dirigente senta com seus filhos, ouve, explica, não tem vergonha de dizer “não sei, mas vou tentar aprender”.

Este texto nada mais é que um desabafo de um saudosista, que pisou muito em terreiro de chão batido, que limpou muito cinzeiro, que já caiu varias vezes de “bunda” no chão durante o desenvolvimento, que já levou muito “pito” de entidades, que teimou muitas vezes, mas que aprendeu a amar com todas as forças a Umbanda, e que depois de todo este tempo vivenciando a Umbanda tem uma pergunta aos Umbandistas:



POR QUE A SIMPLICIDADE NÃO SATISFAZ ???

A UMBANDA QUE EU AMO

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Amigos, em meio a tantas discussões quero deixar aqui um registro de como é a Umbanda que conheci, aprendi, pratico e tento passar a aqueles que me acompanham.

A Umbanda que pratico e tento ensinar, é pura e simples, sem conceitos cósmicos e metafísicos, sem teorias helênicas, despida de vaidades e preconceitos.

A Umbanda que pratico e tento ensinar, não aceita que para ajudar alguém ou dar evolução a um ser espiritual, precisemos sacrificar outro ser, pois entendo que a Umbanda é antes de tudo uma celebração à vida.

A Umbanda que pratico e tento ensinar, acolhe a todos da mesma forma, seja qual for sua cor, orientação sexual, posição social e religião.

A Umbanda que pratico e tento ensinar, não quer servos ou escravos, quer sim pessoas de boa vontade, pessoas que venham com o coração aberto, pessoas que entendam que não devem vir para a Umbanda pensando somente em melhorar a sua vida, mas sim pessoas que entendam que ajudando a melhorar um pouco que seja este mundo, vão com certeza receber sua parte nesta melhora.

A Umbanda que pratico e tento ensinar, não quer ninguém vivendo “DA RELIGIÃO” e nem “PARA A RELIGIÃO”, quer sim que vivamos “A RELIGIÃO” em toda sua plenitude.

Na Umbanda que pratico e tento ensinar, Orixás e entidades, não nos tratam como empregados ou meros “cavalos”, eles nos tratam como companheiros de jornada, não nos fazem exigências absurdas e respeitam nossos limites e nosso livre arbítrio.

Na Umbanda que pratico e tento ensinar, sabemos que a caridade é importante, mas não só a material, entendemos que a maior caridade que podemos fazer e sermos as melhores pessoas o possível, passando isto a quem nos procura.

A Umbanda que pratico e tento ensinar, nos incentiva a estudar e aprender cada vez mais, pois entendo que não devem existir segredos em uma coisa tão bela como esta religião.

A Umbanda que pratico e tento ensinar, é uma Umbanda que não assusta ninguém, não causa medo, ao contrario traz o prazer e a alegria para dentro do terreiro.

Na Umbanda que pratico e tento ensinar, na há lugar para a soberba, os títulos e cargos são meras referências, sem aquela idéia de que quem os possui é melhor que os outros.

Desculpem a extensão do texto mas senti que deveria dividir com vocês como é a Umbanda que eu amo...

Desculpem-me também aqueles que pensam diferente, e se sentiram ofendidos em algum momento...

A UMBANDA DA PALAVRA E DA CONSCIÊNCIA

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Dias atrás numa conversa com algumas pessoas, uma questão foi colocada:

O fato de que antigamente aconteciam muitos casos de materializações e efeitos físicos nos trabalhos de Umbanda, coisa que hoje em dia é muito raro.

Meu entendimento sobre este assunto é o seguinte:

Durante algum tempo, a Umbanda teve que de certa forma se “firmar” no cenário religioso, as pessoas precisavam de algo “palpável” para sentirem-se bem. Hoje em dia vivemos numa fase que eu para uma identificação acabei por denominar “A UMBANDA DA PALAVRA E DA CONSCIÊNCIA”. Nossos Mentores nos colocam e nos mostram cada vez mais a necessidade que temos de fazer aqueles que nos procuram entenderem que a melhora que eles tanto anseiam começa e tem continuidade com uma mudança de pensamento e atitudes, uma verdadeira reforma intima, que a umbanda não é um culto “fazedor de milagres”, onde qualquer um vai receber o que quer em troca de algumas velas ou o que é pior em troca de alguns “tostões”.

Nossos rituais, nossos trabalhos de descarrego, desobsessão, etc. Continuam sendo de grande importância, mas tão importante quanto eles é esta necessidade de levarmos ao mundo a “palavra” e o “entendimento” de como a espiritualidade funciona, criando assim uma nova consciência naqueles que só procuram a Umbanda para obter proveito próprio, e que não enxergam a necessidade de eles mesmos mudarem para ai sim melhorarem de verdade, mudarem conceitos e atitudes, esquecer a mesquinhez, entenderem que fazem parte de um todo.

Foi-se o tempo em que tudo se resolvia com uma “mágica”, fazendo surgir do nada, objetos que segundo se acreditava eram a materialização de nossos problemas. A Espiritualidade não tem mais o porquê fazer isto, e nem precisa, o que ela precisa é de médiuns que entendam que a verdadeira caridade é tentar ser o melhor que puder e que passem isto para as pessoas, fazendo-as entender com suas palavras e seus exemplos a sua responsabilidade neste mundo...

Isto é o que eu chamo de “A UMBANDA DA PALAVRA E DA CONSCIÊNCIA”

Marco Boeing – ASSEMA/Curitiba-PR